Sábado, 12 de Julho de 2008

Alfabetização de Adultos: uma outra oportunidade para Seniores

 

 

 

 

 

De acordo com os Censos 2001, na freguesia de Aguiar, há 179 pessoas que não sabem ler nem escrever. Na minha opinião, 26% da população de uma comunidade que não sabe ler nem escrever é um número demasiado elevado. Entretanto, terminou o Ensino Recorrente, a minha dúvida é saber se há alguma entidade na freguesia a ensinar a população para além das crianças? Não deverá esta questão ser uma prioridade numa altura em que a sociedade avança rapidamente para a inclusão digital formando inclusivamente uma nova classe de analfabetos, os chamados "infoexcluídos"? Uma população com um nível de educação elevado e um grau cultural razoável é a melhor forma para a sua inclusão social e comunitária. Historicamente, nos tempos do Estado Novo, existia uma população iletrada e com um nível de conhecimento educacional elementar, sobretudo para não atrapalhar a governação. Quanto menor o nível educacional das pessoas, menos participação cívica elas têm, menos críticas e questões de fundo levantam com a sua própria opinião, logo menos postos em causa os dogmas e axiomas porventura existentes ao nível político, económico, social, cultural e ambiental pelo regime vigente. Após o 25 de Abril, a Sociedade mobilizou-se para aumentar o número de pessoas a conseguir ler e escrever, realmente foi um trabalho de vontade e contou com o voluntarismo de muitos cidadãos. Até à pouco tempo, a alfabetização de adultos era feita pelo Ensino Recorrente sob alçada das respectivas Escolas Secundárias capitaneadas pela Direcção Regional de Educação correspondente. Actualmente, os Agrupamentos de Escolas estão sobretudo empenhados nos Centros Novas Oportunidades e em fazer progredir escolar e profissionalmente(?) pessoas com conhecimentos ao nível do 1.º, 2.º, 3.º ciclo e secundário. Honestamente acho isto muito bem, mas a minha dúvida, no fundo é esta: será que pessoas que ainda não sabem ler ou escrever não podem ter uma segunda oportunidade? Estes são tempos do admirável mundo novo, mas o progresso não se faz sem Pessoas e o investimento nestas nunca é demais, inclusivamente porque a esperança média de vida tem tendência para aumentar, as pessoas estão a viver cada vez mais tempo existindo mesmo um fenómeno de acréscimo de pessoas da quarta idade, se não lhe dermos suporte necessário e investirmos nelas, não estaremos a ser cidadãos responsáveis. Quem nunca ouviu falar de Universidades Seniores? Os mais velhos são capazes! Quem duvidar disso, vai ter de o provar.

 

http://polvorosa.blogs.sapo.pt/8778.html

 

recebido por email, editado por peixe banana

publicado por peixebanana às 13:00
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4 comentários:
De António Costa da Silva a 13 de Julho de 2008 às 17:20
Um problema muito sério e bem apresentado no blog "Polvorosa". A formação ao longo da vida é essencial e deve ser considerada uma prioridade. Tenho dito e repito, só seremos um concelho mais rico, quanto maior forem os índices educacionais e a cultura da nossa população. O ensino e a melhoria dos níveis de escolaridade e qualificação, mesmo na terceira idade, devem ser considerados prioridades e devemos apostar fortemente neles. Gastar dinheiro nas Ágatas e Anjos dão mais votos, mas nada nos qualificam. Gastar mais dinheiro em passeios faz bem às pessoas, é certo. Também dá mais votos, mas nada as qualifica. Eu tenho dito várias vezes, sobretudo nas reuniões de câmara, esses são gastos abusivos (com esses cantores e grupos musicais) e exagera-se no formato dos passeios e almoçaradas. Penso que seria preferível apostar nas pessoas, tornando-as mais fortes Intelectualmente.

A ignorância é cega e deturpa a democracia.

António Costa da Silva
De Anónimo a 13 de Julho de 2008 às 23:26
Faltou dizer ke graças a este Governo com a Iniciativa Novas Oportunidades há milhares de portugueses de Norte a Sul de Portugal ke têm elevado os seus níveis de ensino, a sua auto-estima e contribuindo assim para nos aproximar-mos dos níveis europeus.

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É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.

 

Clarice Lispector

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Alucinações

 
Um polícia reformado imagina que uma criança inglesa morreu num trágico acidente e que o corpo foi congelado ou conservado no frio pelos pais e amigos.

Um político socialista imaginou que era possível combater a corrupção neste sítio cada vez mais mal frequentado, apresentou um pacote de medidas e ficou muito desiludido quando o seu partido o atirou para o lixo e aprovou um conjunto de diplomas que vai deixar tudo como antes, o quartel-general em Abrantes. O mesmo político imagina, agora, que a corrupção está mais elevada do que nunca e fica triste porque ninguém lhe liga nenhuma.

A líder do maior partido da Oposição imagina que é possível chegar ao poder sem andar por aí em festas folclóricas, em espectáculos medíocres e chega ao ponto de dizer que vai tentar falar verdade sobre os problemas do sítio e que não se pronuncia sobre assuntos que não conhece.

Um ministro deste Governo socialista imagina-se como director comercial de uma multinacional e salta de contente sempre que assina um contrato com uma empresa qualquer. O mesmo governante imagina um dia que a crise económica, financeira e social já passou e no outro imagina que o que aí vem vai ser bem pior.

Um primeiro-ministro que os indígenas elegeram em 2005 com maioria absoluta imagina que vive num sítio maravilhoso, com uma economia pujante, com um nível de vida extraordinário, com cidadãos altamente qualificados e até imagina que Angola tem um governo fabuloso, digno dos maiores elogios, que a Líbia é dirigida por um ser normal, democrático, que até escreveu em tempos um livro que só por acaso não ganhou o Nobel da Literatura e que a Venezuela tem um presidente civilizado, com os alqueires todos no sítio e que merece ser recebido várias vezes em poucos meses com gestos de grande carinho e amizade.

Um Presidente da República imagina que os seus silêncios são mais importantes do que as suas palavras e imagina que quando discursa alguém o ouve verdadeiramente com atenção. Imagina que quando fala na necessidade de se combater a corrupção ou atacar a sério os problemas da Justiça e da Educação alguém o leva verdadeiramente a sério e vai a correr preparar mais uns diplomas para indígena ver.

A alucinação, como se vê, veio para ficar. Está a tornar-se numa pandemia. Em vez de dinheiros da Europa, o sítio precisa urgentemente de uma enorme equipa de psiquiatras que o cure da doença enquanto há tempo e esperança de cura.

António Ribeiro Ferreira
[in Correio da Manhã, 28.07.2008]

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