Domingo, 11 de Janeiro de 2009

Monte do Sobral, 10.01.2009

 

Se duvidas ainda haviam acerca da possibilidade de alternância política no concelho de Viana do Alentejo, estas, foram em grande mediada dissipadas ontem á noite no Jantar Convívio do Movimento Unidos pelo Concelho de Viana do Alentejo. A cerca de 10 meses das eleições autárquicas numa noite fria de Janeiro juntaram-se cerca de 200 pessoas que encheram a sala de jantar do restaurante do Monte do Sobral. Fiquei verdadeiramente impressionado pela adesão dos munícipes a um projecto verdadeiramente transparente e democrático, onde se discutiram ideias e se trocaram conhecimentos, onde finalmente pude compartilhar preocupações em relação á minha rua, ao meu bairro e á minha terra.
Com um espectro partidário colorido, esta aliança de ideais com um programa participativo e altamente democrático fez-me voltar a acreditar nos homens e nas suas capacidades em detrimento das máquinas partidárias obsoletas e impositivas que têm governado o concelho a seu belo prazer.
Foi com agrado que pude trocar ideias, ouvir e ser ouvido, foi com enorme satisfação que pude constatar o apoio e presença da sociedade civil, dos representantes associativos e alguns dirigentes do Partido Socialista que se solidarizaram com a causa e a apoiam.
E foi com enorme prazer que me aliei a todos aqueles que querem mais e melhor para o concelho de Viana do Alentejo.
 
Deixo aqui o discurso lido no fim do jantar convívio:
 
 
 
CAROS CONVIVAS
 
Este pequeno texto é a compilação, muito sucinta, do objectivo deste jantar convívio, reflectindo alguns problemas do nosso concelho. A partir de hoje, mais coesos e fortes, partiremos para a elaboração de um programa eleitoral participado.
 
Independentemente do posicionamento político que cada um de nós perfilha no espectro partidário nacional, há um laço que une a nossa presença nesta confraternização: queremos uma nova equipa autárquica à frente dos destinos da nossa terra! Uma equipa que, com a colaboração de toda a comunidade, melhor possa gerir os recursos humanos e materiais disponíveis, em prol de todas e não de apenas algumas pessoas, na difícil e árdua luta pelo desenvolvimento sustentável.
 
Precisamos de todos aqueles que hoje aqui estão presentes, mas também dos que aqui não estão, aos quais urge fazer chegar a nossa mensagem. Tal como sucede num comboio, este movimento acolherá, com igualdade, em todas as paragens e em qualquer momento, todos os homens e mulheres que connosco queiram fazer esta viagem.
 
Neste movimento poderão estar todos aqueles que, pretendendo manter o seu estatuto de independência partidária, queiram unir vontades e competências para dar uma nova esperança na melhoria da qualidade de vida de todos os habitantes do concelho. Pretendemos, com grande espírito de humildade democrática e sem qualquer discriminação, aceitar no nosso seio todas as pessoas honestas, felizmente a esmagadora maioria das gentes que integram a nossa comunidade.
 
Não somos um movimento elitista, todos nós somos gente humilde, no pensamento e no respeito pelos nossos semelhantes. Iremos trabalhar para dar voz a todos, sem distinção, lançando um olhar positivo e acolhedor a todos aqueles que deram a sua confiança à actual maioria governativa PCP-Viana e que neste momento, pelo caminho trilhado durante este mandato, se sentem muito justamente ludibriados e defraudados.
 
O Partido Socialista, aqui representado por alguns dos seus ilustres dirigentes, dá o seu aval a este movimento de cidadania em prol de um desenvolvimento que tarda a chegar ao nosso Concelho. Estamos todos juntos e comprometidos pela palavra, como mulheres e homens livres que somos, sem peias e submissões a estratégia particulares ou de grupo que nos desviem do nosso objectivo: construir uma alternativa a tão má gestão autárquica, protagonizada pelo actual executivo e apoiada pela sua minoritária clientela, responsável pela delapidação em seu proveito dos recursos humanos e materiais disponíveis.
 
Não nos revemos na prática autocrática e autoritária desta gestão corporizada pela PCP-Viana. Antidemocrática no sentido mais abrangente do termo, onde o exercício da democracia é levado à sua expressão mínima, muitas vezes apenas aquela que a força da lei impõe. Todos sabemos que o desastre deste agir arrogante e incompetente é também criticado à socapa no interior do próprio directório do PCP-Viana, tendo já provocado conhecidas dissenções e lutas internas. Para nós, estas facções dirigentes são igualmente responsáveis pelo actual estado de coisas, pois como diz o povo – quem cala consente.
 
Até às eleições autárquicas iremos assistir a um desfile de medidas demagógicas, populistas e eleitoralistas, de quem se agarra a todos os meios ao seu alcance para manter o poder. Mas a comunidade está atenta. Com toda a certeza não deixará de se organizar para combater políticas municipais autistas e erradas, claramente prejudiciais para a grande maioria dos cidadãos, nas quais se gastam mal os nossos impostos, se hipotecam as gerações futuras e se compromete o desenvolvimento sustentável das três freguesias do concelho.
 
Iremos lutar pela mudança e pela construção de um Concelho onde valha a pena viver e trabalhar. Queremos dar voz aos cidadãos: queremos dar o exemplo de como é possível fazer melhor e estar, até ao final do mandato, no lote de municípios que praticam alguma forma de orçamento participativo.
 
Queremos melhor: não iremos ficar parados no tempo, com um Plano Director Municipal, bolorento de 11 anos, escondido no fundo das gavetas da actual maioria. No âmbito do processo de revisão deste importante instrumento de gestão territorial, pretendemos que ele efectivamente configure uma estratégia de desenvolvimento para o concelho de Viana do Alentejo. Queremos, pois, um Plano Director Municipal de “nova geração”, com uma visão estratégica de desenvolvimento, capaz de ajudar a tomar decisões no presente e de conduzir com eficácia as mudanças necessárias, naquilo que se pretende para o futuro.
São muitas as preocupações, as quais queremos partilhar convosco, pois com toda a certeza revêem-se nelas.
 
Na Área Económica, vamos contribuir para consolidar o que resta das nossas empresas e tentar atrair novos investimentos. Não vamos estar parados à espera que os investimentos previstos para Évora se consolidem. Temos urgentemente de prover infra-estruturas adequadas para captar as empresas que perspectivem vantagens em se instalarem no nosso concelho.
No Turismo promover uma política sustentável, geradora de riqueza.
 
Na Área Social, importa trabalhar profundamente junto dos diferentes grupos etários, de forma a fazer um uso justo e racional dos recursos e uma distribuição equitativa tendo em consideração as necessidades das 3 Freguesias.
Desenvolver novas competências na educação, na saúde e na protecção social.
Apoiar e cooperar profundamente com as organizações públicas e instituições privadas sem fins lucrativos.
Aprofundar uma política inovadora de apoio às Famílias com novas respostas sociais.  
 
No Sector do Urbanismo, as coisas vão de mal a pior; urge requalificar o espaço urbano no seu todo com especial incidência nos centros históricos das nossas vilas.
O nosso património arquitectónico tem sido vítima de uma gestão autárquica desatenta a todas as questões que se relacionam com a sua promoção, bem como na manutenção e tratamento dos espaços adjacentes.
 
Para qualquer destes casos não basta haver dinheiro, tem de haver um projecto social, económico e urbano.
 
Também na Área Cultural e Ocupação de Tempos Livres se torna imperiosa a definição de uma verdadeira e até agora inexistente política municipal, fortemente entrosada com todas as outras áreas da vida social e económica, apostada na participação e valorização, individual e colectiva, de todos os nossos munícipes. Sobretudo uma política que converta a máquina de propaganda em que se transformaram os supostos serviços culturais desta Câmara, numa estrutura ao serviço da elevação cultural e artística de todos nós.
Na Área da Juventude entendemos necessária a implementação de uma política que tenha em conta as diferentes vontades e perspectivas dos nossos jovens, como sujeitos que se pretendem activos e intervenientes em questões de natureza política, social, cultural e económica.
 
Desenvolver uma verdadeira política de Ocupação dos Tempos Livres para todos os cidadãos do concelho [das crianças, jovens, adultos e idosos]. 
 
O Movimento Unidos pelo Concelho apela:
- à participação dos cidadãos na elaboração do futuro Programa Eleitoral e composição das Listas Eleitorais. Desde já, a criação de 4 grupos de trabalho: Economia; Urbanismo e Obras; Acção Social; Cultura e Tempos Livres. Promover encontros nas três freguesias, para dinamização dos eleitores.
- à Juventude, que sabemos estar arredada. Para tal recorremos ao uso das novas tecnologias, como instrumento eficiente e moderno para envolver os cidadãos na candidatura autárquica, em todas as suas fases, recorrendo a uma plataforma moderna e marcando presença em distintas redes sociais na Internet. 
 
Acreditamos na vitória. Sabemos o que queremos e do que somos capazes. Vamos pedir a vossa confiança, mostrar como todos contam. Chegou a hora da mudança. Hoje e aqui, neste Monte do Sobral, local carregado de simbolismo para a História recente de Portugal, surge uma nova esperança. Uma esperança alicerçada na convergência de opiniões e perspectivas de desenvolvimento, num caminho comum, rumo à modernidade e ao progresso, direito que se assiste a todos os cidadãos do concelho de Viana do Alentejo.
publicado por peixebanana às 16:53
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13 comentários:
De Um parvo a 21 de Janeiro de 2009 às 21:31
Esse movimento que por ai se fala é tanto independente como eu sou Padre. O PS está mais uma vez a deitar areia para os olhos das pessoas ( ou seja como faz normalmente), pois convidou as pessoas a participar na composição das listas, quando estas já estão mais que feitas e combinadas. Não se esqueçam hoje é dia 21 de Janeiro de 2009 e eu vou deixar aqui dito aquilo que eles dizem que ainda não existe. Cabeça de Lista por Viana Sr. Bengalinha
( Bernardino Pinto), Vereador por Alcáçovas Gainho
( João Pereira) Vereador por Aguiar Alexandre.
Agora é esperar para ver a apresentação dos candidatos, para ver quem fala verdade.
Senhores do movimento o povo já não é parvo.
De um esperto a 22 de Janeiro de 2009 às 02:16
Caro um parvo, o povo somos nós todos, agora o bruxo é você. Se calhar está um bocadinho enganado, só um bocadinho.

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É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.

 

Clarice Lispector

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Alucinações

 
Um polícia reformado imagina que uma criança inglesa morreu num trágico acidente e que o corpo foi congelado ou conservado no frio pelos pais e amigos.

Um político socialista imaginou que era possível combater a corrupção neste sítio cada vez mais mal frequentado, apresentou um pacote de medidas e ficou muito desiludido quando o seu partido o atirou para o lixo e aprovou um conjunto de diplomas que vai deixar tudo como antes, o quartel-general em Abrantes. O mesmo político imagina, agora, que a corrupção está mais elevada do que nunca e fica triste porque ninguém lhe liga nenhuma.

A líder do maior partido da Oposição imagina que é possível chegar ao poder sem andar por aí em festas folclóricas, em espectáculos medíocres e chega ao ponto de dizer que vai tentar falar verdade sobre os problemas do sítio e que não se pronuncia sobre assuntos que não conhece.

Um ministro deste Governo socialista imagina-se como director comercial de uma multinacional e salta de contente sempre que assina um contrato com uma empresa qualquer. O mesmo governante imagina um dia que a crise económica, financeira e social já passou e no outro imagina que o que aí vem vai ser bem pior.

Um primeiro-ministro que os indígenas elegeram em 2005 com maioria absoluta imagina que vive num sítio maravilhoso, com uma economia pujante, com um nível de vida extraordinário, com cidadãos altamente qualificados e até imagina que Angola tem um governo fabuloso, digno dos maiores elogios, que a Líbia é dirigida por um ser normal, democrático, que até escreveu em tempos um livro que só por acaso não ganhou o Nobel da Literatura e que a Venezuela tem um presidente civilizado, com os alqueires todos no sítio e que merece ser recebido várias vezes em poucos meses com gestos de grande carinho e amizade.

Um Presidente da República imagina que os seus silêncios são mais importantes do que as suas palavras e imagina que quando discursa alguém o ouve verdadeiramente com atenção. Imagina que quando fala na necessidade de se combater a corrupção ou atacar a sério os problemas da Justiça e da Educação alguém o leva verdadeiramente a sério e vai a correr preparar mais uns diplomas para indígena ver.

A alucinação, como se vê, veio para ficar. Está a tornar-se numa pandemia. Em vez de dinheiros da Europa, o sítio precisa urgentemente de uma enorme equipa de psiquiatras que o cure da doença enquanto há tempo e esperança de cura.

António Ribeiro Ferreira
[in Correio da Manhã, 28.07.2008]

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